quinta-feira, 30 de abril de 2020

Para o 3. Ano do Ensino Médio
Crise de 29


Franklin Delano Roosevelt assumiu o governo dos Estados Unidos quando a depressão de 1929 andava brava. A derrocada financeira foi enfrentada com o Emergency Bank Bill de 9 de março de 1933 e pelo Glass-Steagall Act de junho do mesmo ano. Esses dois instrumentos legais permitiram um maior controle do Federal Reserve sobre o sistema bancário. Roosevelt facilitou o refinanciamento dos débitos das empresas, sobretudo da imensa massa de dívidas dos agricultores, estrangulados pela queda de preços. O New Deal utilizou a Reconstruction Finance Corporation, criada por Hoover em janeiro de 1932, para promover a reestruturação do sistema bancário e financeiro. Roosevelt impôs a separação entre os bancos comerciais e de investimento, criou a garantia de depósitos bancários, proibiu o pagamento de juros sobre depósitos à vista e estabeleceu tetos no pagamento de juros para os depósitos a prazo (o Regulamento Q sobreviveu até 1965).
ASSISTA:
https://youtu.be/teDGZs34g_Y

Para o 3 Ano do Ensino Médio
Sobre Política e Jardinagem ~ Rubem Alves
De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim vocare, quer dizer chamado. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um ‘fazer’. No lugar desse ‘fazer’ o vocacionado quer ‘fazer amor’ com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.
‘Política’ vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.
Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades: sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oases. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu ‘o que é política?’, ele nos responderia, ‘a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas’.
O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.
Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.
Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.
Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.
Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: ‘Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade… Ao contrário dos ‘legítimos’ políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.’ Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.
Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolôs.
Escrevo para vocês, jovens, para seduzi-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?
Acabamos de celebrar os 500 anos do descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegar, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem. Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros. Eram lenhadores e madeireiros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer.
Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam.
Questões. 1. No que se difere a concepção política da Grécia antiga com a concepção judaica? Diferencie o Político jardineiro (que vive para a política) do Político Fisiológico ( que vive da política)?


O fim do mundo

 

A luta contra a fome e pela cidadania dava uma força danada àquele corpo magro, tomado por uma doença fatal, vírus que grudou num organismo com sangue frágil.  Os olhos azuis de Herbert de Souza, o Betinho, ganhavam brilho quando ele falava sobre a necessidade de os brasileiros terem consciência de que havia32 milhões de pessoas que passavam fome no país. Estávamos em dezembro de 1993 e eu, na época repórter da editoria Rio do jornal “O Globo”,  entrevistei o sociólogo, famoso Irmão do Henfil, que desde o início daquele ano vinha chacoalhando o mundo corporativo, os políticos e os cidadãos comuns, com uma campanha para acabar com a fome e a miséria no Brasil.
Quando Betinho se foi, um estudo elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro divulgou um estudo baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 96 a 99. O estudo mostrava que se cada brasileiro fizesse uma contribuição mensal de R$ 10,4 daria para acabar com a fome no país que, à época, já atingia 50 milhões de pessoas.
 Betinho queria que a sociedade se mexesse, pressionasse os dirigentes – "Não é só entregando um quilo de alimento não perecível à porta do teatro que se muda uma situação de miséria. A pressão, a proposta, a criatividade, a mobilização e até a eleição, isso tudo vai ser esperado da sociedade". Sim, de alguma forma, ao eleger um torneiro mecânico para a presidência em 2002, a sociedade pareceu dar esse recado.
 Betinho analisou lucidamente também a relação da agricultura com a fome – "Na luta contra a miséria, a agricultura é fundamental. E a agricultura, a nível federal, não assumiu efetivamente esta questão como seu eixo"...  Se fosse vivo, o sociólogo teria ainda muito mais a reclamar do setor. Uma reportagem publicada hoje no jornal “Valor Econômico” esmiúça uma situação que já conhecemos de sobra, a respeito do poder da bancada ruralista no Congresso.  Deputados que apoiaram a não denúncia contra o presidente são, em sua grande maioria, empresários do agronegócio. E tudo o que querem é acabar com as exigências para licenciamentos ambientais a fim de poderem tocar projetos que vão impactar o meio ambiente muito mais do que já acontece.
 A preocupação de tais empresas, como também já foi largamente debatido por instituições que combatem a pobreza no mundo, é criar um esquema gigante para alimentar as 7 bilhões de pessoas do planeta. Para isso, contam com agrotóxicos em larga escala e, cada vez mais, distanciam o alimento da boca dos pobres. É como diz Ignacy Sachs, ecosocioeconomista francês no documentário “Zugzwang”, de Duto Sperry:
 "O problema não é a falta de alimento, mas a falta de dinheiro para comprar o alimento".
 Betinho faz falta. Ele dizia as coisas de maneira clara, trabalhava com o real.A ONG que criou, Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, que durante algum tempo depois de sua morte, e no período dos governos de Lula e Dilma, fez um pequeno desvio na missão, hoje precisa novamente buscar a solidariedade das pessoas e recolher alimentos. Amanhã (12) vai ter um evento, "Ocup.Ação", cuja entrada será um quilo de alimento não perecível (o endereço é Rua Barão de Tefé 75, Centro do Rio). Os alimentos vão ser doados para os servidores do Estado que estão sem salário por culpa de improbidade administrativa.
 O cenário continua triste, meu caro Betinho. Que o botão vermelho do fim do mundo fique longe de nós osta está correta.
O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, fundou o Ibase em 1980 e, na década de 1990, tornou-se símbolo de cidadania no Brasil ao liderar a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, conhecida popularmente como a campanha contra a fome. Betinho mobilizou a sociedade brasileira para enfrentar a pobreza e as desigualdades. Hemofílico, morreu de Aids em 9 de agosto de 1997, deixando um exemplo de solidariedade e de luta pela transformação social.


Para o 2  Ano Ensino Médio

O carnaval como máscara e fantasia*
Três coisas bem associadas: carnaval, máscara e fantasia. Na atual configuração sociocultural as três coisas me parece ainda mais inseparáveis. Mais que casadinho e queijo com goiabada.
A palavra máscara, tem duas origens. Vem do Latim “mascus” que significa fantasma; e do árabe “maskharah” que significa palhaço ou homem disfarçado. Já a palavra carnaval possivelmente vem do latim clássico “Carnen Leváre”, substantivo que significa “abstenção de carne”. Seria uma alusão ao fato de que no carnaval seria os últimos dias para comer carne antes da quaresma, ou talvez significando a “despedida do corpo”, sendo os dias separados para satisfazer as necessidades carnais antes do período religioso. A palavra “fantasia” tem sua origem do verbo Grego “Phaínein”, que significa “fazer aparecer”. É por meio da fantasia que faz-se notado.
.A máscara está associada a representação de um personagem criado para entretenimento. É justamente nesta festa que as máscaras são muito usadas. Um dos mais renomados antropólogos brasileiros, Roberto DaMatta, afirmou que é no carnaval que surge a possibilidade de grupos e classes sociais distintas se encontrarem, constituindo-se uma festa para todos; “(..) um cenário e uma atmosfera social onde tudo pode ser trocado de lugar (…)”. É nesse período que um gari pode usar máscaras. Representar aquilo que ele de fato gostaria de ser, são sabendo que é um mascarado, ou, em árabe, um palhaço que faz uns poucos rirem; rirem de sua ilusão. Época de mascarar seu fracasso, na maioria das vezes imposto sobre ele por nosso país do carnaval. É também nesse período, como em muitas outras oportunidades, que o poder público marcara a realidade sob as máscaras tradicionais do pão e circo.
.No carnaval todos podem usar suas fantasias. O mais excluído e fraco indivíduo pode se fantasiar de rei, de empresário, de jogador de futebol bem sucedido e o que mais desejar em seus sonhos adquiridos em noites de insônia. Dizia DaMatta, que “[…] por tudo isso, o carnaval é a possibilidade utópica de mudar de lugar, de trocar de posição na estrutura social”. É de fato o momento da fantasia. De tirá-la do armário e do baú do pensamento e trazer para a rua, como se tudo fosse possível. Fantasias e mais fantasias… pena que só fantasias. Fantasias confeccionada pela ideologia do carnaval; a festa da carne que se consome antes do dia santo chegar… antes do indivíduo partir para os braços do seu Criador. Até lá, a carne vai sendo consumida nas brasas do descaso público, no que chamam de inferno presente… amanhã, quem sabe não é dia santo?
.Em meio ao entretenimento carnavalesco, os foliões vão usando suas máscaras e fantasias, dando formato a maior festa brasileira de representação da realidade fantasiosa… Ali, carnaval, máscara e fantasia são mais inseparáveis que casadinho e queijo com goiabada.


 Textos para o 1. e o 3. Ano do Ensino médio

O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. Bertolt Brecht
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Eduardo Alves da Costa
Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.

Bertolt Brecht
O método científico é um conjunto de etapas ou passos que um cientista segue, em uma sequência lógica e organizada, para estudar os fenômenos. As principais etapas do método científico seguidas pela maioria dos cientistas do mundo são:
Principais etapas do método científico
Vejamos em que consiste basicamente cada uma delas:
* Observação: Diante de algum sistema ou alguma situação que ocorre na natureza, o cientista é levado pela curiosidade e pela necessidade a buscar formas de entender o que leva aquilo a acontecer. Assim, a partir da observação, que pode ser a olho nu ou com a utilização de instrumentos, como o microscópio, o cientista começa a formular questões.
Por exemplo, observa-se que a maioria das folhas é verde. Então, a seguinte questão poderia ser levantada: “Por que as folhas são verdes?”.
* Hipótese: Na tentativa de responder à questão ou às questões levantadas, o cientista passa a tentar dar uma possível resposta que explique o fenômeno observado. Essa é a hipótese, ou seja, afirmações prévias para explicar os fenômenos.
Por exemplo, para responder à pergunta “Por que as folhas são verdes?”, o cientista poderia levantar a seguinte hipótese: “Alguma substância está presente em todas as folhas verdes e é responsável por lhes conferir essa cor.”.
* Experiências: Para verificar que a hipótese levantada é realmente verdadeira, o cientista ou a equipe de cientistas realiza vários experimentos controlados, cujos dados são medidos cuidadosamente e anotados. As experiências podem confirmar a hipótese ou mostrar que ela não é verdadeira e deve ser descartada. Assim, outra hipótese poderá ser levantada e outros experimentos serão realizados.
Com os avanços tecnológicos, atualmente existem muitos aparelhos que tornam essas experiências mais precisas e confiáveis.
Por exemplo, para comprovar a hipótese de que alguma substância confere a cor verde às folhas, poderiam ser realizados experimentos para isolar alguns compostos presentes em todas as folhas verdes e verificar se alguma dessas substâncias não estaria presente nas folhas que são de outras cores.
* Lei: Depois de analisar cuidadosamente os resultados obtidos com os experimentos, o cientista tira algumas conclusões. Se comprovar que determinado fenômeno repete-se após certo número de experiências, ele pode formular uma lei. Isso significa que ele descreverá os eventos que ocorrem de modo uniforme e invariável, mas não explicará por que eles ocorrem.
Por exemplo, o cientista pode formular a seguinte lei: “Todas as folhas verdes possuem a substância clorofila”.
* Teoria: É a explicação para a lei. A teoria explica não só a questão levantada no início, mas também todas as que surgiram durante as experiências e até mesmo prevê possíveis situações relacionadas.
Por exemplo, uma teoria seria: “O tom esverdeado das folhas ocorre porque elas produzem grande quantidade do pigmento clorofila. A estrutura da clorofila possui o íon Mg2+, que é o responsável pela cor verde, pois ele absorve bem os comprimentos de ondas das cores vermelha, laranja, azul e violeta, mas reflete grande parte da luz verde, que é a cor que nós enxergamos.”
Mais explicações sobre as cores das folhas podem ser encontradas no texto: Por que as folhas mudam de cor?
Como foi criada a primeira vacina?
A primeira vacina surgiu a partir dos estudos realizados pelo médico inglês Edward Jenner. Ele observou pessoas que se contaminaram, ao ordenharem vacas, por uma doença de gado e chegou à conclusão de que essas pessoas tornavam-se imunes à varíola. A doença, chamada de cowpox, assemelhava-se à varíola humana pela formação de pústulas (lesões com pus).
Edward Jenner criou a vacina contra a varíola e ajudou a erradicar essa grave doença.
Diante dessa observação, em 1796, Jenner inoculou o pus presente em uma lesão de uma ordenhadora chamada Sarah Nelmes, que possuía a doença (cowpox), em um garoto de oito anos de nome James Phipps. Phipps adquiriu a infecção de forma leve e, após dez dias, estava curado. Posteriormente, Jenner inoculou em Phipps pus de uma pessoa com varicela, e o garoto nada sofreu. Surgia aí a primeira vacina.
O médico continuou sua experiência, repetindo o processo em mais pessoas. Em 1798, comunicou sua descoberta em um trabalho intitulado “Um Inquérito sobre as Causas e os Efeitos da Vacina da Varíola”. Apesar de enfrentar resistência, em pouco tempo, sua descoberta foi reconhecida e espalhou-se pelo mundo. Em 1799, foi criado o primeiro instituto vacínico em Londres e, em 1800, a Marinha britânica começou a adotar a vacinação. A vacina chegou ao Brasil em 1804, trazida pelo Marquês de Barbacena.


Até o Fim
Chico Buarque
Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim
"inda" garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim
Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim
Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Mas vou até o fim
Não tem cigarro acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim ?
Eu já nem lembro "pronde" mesmo que eu vou
Mas vou até o fim
Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

Ciranda Da Bailarina
Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir,
Medo de cair,
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem


Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução
Mundo mundo vasto mundo
Mais vasto é meu coração
Composição: Carlos Drummond de Andrade

Sociologia da Crise


Ritos corporais entre os Onacirema*
Nós “civilizados” possuímos a tendência de julgar o diferente como inferior, talvez por não querermos entendê-lo.
Existem no planeta vários povos e etnias estranhas. Uma delas é o “onacirema”. Como esses são esquisitos! Realizam rituais religiosos estranhos; diariamente praticam rituais de tortura; lutam constantemente entre si e às vezes tiram a vida de seus adversários.
Veja como essa tribo é estranha. O “onacirema”, ao acordar, inicia seu ritual de purificação: esfrega um objeto sobre a boca, chegando na maioria das vezes a sangrar e logo após utiliza um objeto cortante bem afiado (quanto mais afiado melhor) e passa pelo seu rosto por minutos (os menos hábeis têm seu rosto e pescoço todo cortado). Feito esse ritual, acha-se pronto para enfrentar o dia. Nessa tribo, existe uma divisão de tarefas: quanto mais peso se pega no exercício da tarefa, menor será sua recompensa, ou seja, quem trabalha menos, ganha mais.
Sacrifícios dos onacirema
A “anacirema” (assim é chamada a fêmea) realiza ritual para a conquista do macho. Prática sacrifícios humanos, não de morte, mas de uma espécie de tortura. Se abstém de certos alimentos consumidos pela tribo, chegando a ficar bem a baixo do peso normal; as suas estruturas ósseas tornam-se visíveis. As que chegam a esse estado, ou pelo menos próximo dele, são admiradas. Já aquelas que não se torturam acabam sendo rejeitadas pelos machos da tribo.
A sedução dos onacirema
Nessa tribo, a fêmea pinta sua face com tintas de cores fortes e, com um objeto perfurante, atravessa seu corpo em vários locais (nariz, seios, sobrancelhas, orelhas, umbigo, lábios, órgão sexual…), onde pendura objetos. Segundo ela essa prática atraem os machos. Já o “onaciremo” para atrair a fêmea, realiza três vezes na semana um ritual onde esse tortura seu próprio corpo, levantando objetos pesados por várias vezes durante, pelo menos, uma hora, chegando a derramar litros de suor. Quanto maior o sacrifício, melhor.
Religião dos onacirema
Em seu ritual religioso demonstram uma estranheza incrível: adoram seu deus com rituais exaustivos, chegam a andar quilômetros de joelhos carregando um peso sobre o corpo, assim acreditando eles, que terão respostas dos céus.
Rito de purificação dos onacirema
Nas noites de sábado, depois de todos os rituais, chega a hora de espantar de suas mentes algo parecido como um espirito ruim, adquirido nas suas tarefas diárias. Reúnem-se e ao som de uma música bem alta, começam a realizar uma espécie de dança de purificação da mente, onde acreditam que estarão libertos de um tipo de espirito.
Como essa tribo é esquisita! O “onacirema” é ou não diferente? A propósito, o nome dessa tribo foi digitado de trás para frente, mas isso não muda em nada, seja “onacirema” ou americano, são todos esquisitos.